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12/04/2012

Os maiores mitos que o cinema criou sobre o Titanic






Filmes sobre o navio Titanic criaram diversos mitos. (Foto: Divulgação)



  O naufrágio do navio Titanic, que matou 1.513 pessoas na sua primeira viagem, completa 100 anos no próximo dia 14 e muitos mitos criados no cinema ainda são ditos como verdade. Saiba quais são as cinco histórias mais mal contadas sobre a tragédia:

 Inafundável
Diz-se que a companhia White Star anunciava a embarcação como “inafundável”. Em uma das cenas do filme “Titanic” (do cineasta James Cameron), a mãe da heroína Rose observa o navio no porto, antes da partida, e comenta: “Então este é o navio que dizem que não afunda”.

Segundo o cientista Richard Howells, do Kings College, de Londres, na Inglaterra, a companhia nunca afirmou que o navio era “inafundável”. O termo começou a ser usado pela imprensa e indústria do cinema após o acidente.

“Isso [afirmar que a empresa vendia o Titanic como um navio que nunca naufragaria] carrega um senso mítico porque indica que deus estaria tão zangado por tal afronta que acabaria afundando o navio”, explica Howells.

A última música
No filme de James Cameron, a banda do navio afunda e toca a canção “Nearer, My God, To Thee” (“Mais perto de ti, meu Deus”) aos passageiros que não conseguiriam sobreviver. Segundo Simon McCallum, curador dos arquivos no Instituto Britânico de Cinema, testemunhas oculares confirmaram que a banda tocou no deck, mas discordaram de que música se tratava.

“Nunca saberemos que canção os sete músicos tocaram, mas dizer que foi a música 'Mais perto de ti, meu Deus’ funciona com uma licença poética, já que é um hino que romantiza ainda mais o filme”, pontua McCallum.

Paul Louden-Brown, da Sociedade Histórica do Titanic, trabalhou como consultor para o filme de James Cameron e afirmou que a cena dos músicos no filme “Uma noite para se lembrar” (1958) foi tão bem montada que Cameron decidiu copiá-la. “Ele me disse: ‘Eu roubei isso inteiramente e coloquei no meu filme, simplesmente porque amei. Era uma parte muito forte da história’”.

Capitão Smith
O comandante do navio, capitão Smith, foi retratado como herói no cinema e ainda ganhou estátuas e cartões postais. Porém, ele é apontado por especialistas como o principal culpado pelas falhas na estrutura de comando a bordo. Smith não deu atenção aos alertas contra gelo e iceberg nem reduziu a velocidade da embarcação quando já se sabia da presença de gelo na rota do navio.

“Ele sabia quantos passageiros e quanto espaço havia nos barcos salva-vidas. Mesmo assim, ele permitiu que os barcos partissem apenas parcialmente cheios”, ressalta Louden-Brown.

Joseph Bruce Ismay, o presidente da White Star
Joseph Bruce Ismay, presidente da White Star, foi acusado de mandar acelerar o navio e escapar da embarcação no primeiro barco salva-vidas disponível, deixando para trás mulheres e crianças. Ele foi execrado em Nova York e aposentou-se falido em 1913.

Lord Mersey, que comandou o inquérito britânico em 1912, chegou à conclusão que Ismay ajudou vários passageiros antes de entrar no barco salva-vidas. “Se ele não tivesse se salvado, salvaria apenas mais uma vida”, pontuou Mersey em relatório.

“Se formos para a origem disso, temos de nos lembrar de William Randolph Hearst, o grande magnata da imprensa nos Estados Unidos. Ele e Ismay brigaram pelo fato de Ismay não cooperar com a imprensa [fornecendo informações] em um acidente com um navio da companhia”, diz Paul Louden-Brown.

Louden-Brown acredita que as acusações são injustas e chegou a discutir o assunto com James Cameron. “É isso que o público espera ver”, teria dito o cineasta ao consultor.

O autor do livro “Como sobreviver ao Titanic: o naufrágio de J. Bruce Ismay”, Frances Wilson, também defende o presidente da White Star. “Ele foi um homem comum pego por circunstâncias extraordinárias”.

Terceira classe
O filme “Titanic” mostra que os passageiros da terceira classe foram forçados a ficar longe do deck e impedidos de alcançar os barcos salva-vidas. Richard Howells, do Kings College de Londres, afirma que não existe evidências para confirmar tal história.

Os portões que os separavam dos demais passageiros do navio foram instalados por exigência da imigração norte-americana, que temia que os passageiros desembarcassem em Nova York sem passar por testes de higiene. Na terceira classe, estavam armênios, chineses, holandeses, italianos, russos, sírios e britânicos.

Evidências apontam que os portões estavam fechados na noite da tragédia e que só depois de a maioria dos barcos salva-vidas terem partido é que os eles foram abertos. Menos de um terço dos passageiros da terceira classe sobreviveram.

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